Você já pensou que pode existir uma forma de nos relacionarmos com outras pessoas, com nós mesmos e com o mundo, que não seja baseada no individualismo e na competitividade, tão presentes em nossa sociedade de maneira geral?
Esse é o convite que a Comunicação Não-Violenta (CNV) nos faz: experimentarmos viver de uma forma mais cooperativa, compassiva e conectada com nós mesmos, com as pessoas à nossa volta e com o mundo.
A chave para essa transformação reside em aprendermos a identificar, nomear e gerir os sentimentos e necessidades que fluem em nós mesmos, assim como em outras pessoas.
A CNV nos ajuda a desenvolver nossa inteligência emocional e relacional de uma maneira muito prática, aprimorando nossa habilidade inata de nos conectarmos mais profundamente com a ‘vida’ que flui dentro de nós e de todos os seres vivos.
Esse fluxo de vida é nossa motivação mais profunda, aquilo que traz sentido à nossa existência, que nos enche de energia e vontade de viver e contribuir para a vida dos outros. São nossos valores e necessidades humanas universais, que compartilhamos com todos: desde nossas necessidades básicas de subsistência (abrigo, alimento, etc), incluindo necessidades de segurança, pertencimento, amor, dignidade, respeito, auto estima, auto realização, contribuição, entre outras.
Quando conseguimos focar nessas necessidades e valores, ou seja, naquilo que realmente importa e traz sentido e contribuição para nossas vidas, conseguimos ‘tornar a vida mais maravilhosa’, não apenas para nós mesmos mas também para todos à nossa volta.
Contribuir para ‘tornar a vida mais maravilhosa’ era o objetivo de Marshall Rosenberg ao criar a CNV.
Ele desenvolveu um processo comunicativo, uma forma de linguagem, que nos ajuda a focar na expressão de nossos sentimentos e necessidades, e a identificar os sentimentos e necessidades das outras pessoas. Ao trazer para nosso vocabulário essa linguagem de sentimentos e necessidade, passamos a entender melhor e a expressar esta parte mais intangível da experiência humana, gerando um fluxo de empatia, compaixão e compreensão mais profunda entre as pessoas e sobre nossa experiência comum.
Quando conseguimos nos conectar uns com os outros dessa maneira mais profunda e autêntica, somos capazes de enxergar nossas semelhanças e pontos de convergência, transcendendo nossas diferenças e divergências. Então, naturalmente permitimos que nossa natureza compassiva e cooperativa aflore, e tendemos a almejar o bem-estar mútuo e a criar soluções que atendam às necessidades de todos. É a mudança de um paradigma competitivo e excludente, que prioriza apenas as necessidades de alguns, para um paradigma inclusivo, que procura atender as necessidades de todos.
A CNV nos ensina uma linguagem que fortalece nossa conexão com a essência da vida, gerando empatia e compreensão entre as pessoas, contribuindo para tornar a vida de todos mais maravilhosa.
*Texto originalmente publicado na Revista Viva Saúde. Escrito por Sandra Caselato e Yuri Haasz.