A sabedoria das emoções

Alegria, tristeza, raiva, depressão, são todos porta-vozes de mensagens valiosas.

O mestre sufi Rumi, que viveu no século XIII, dizia que o ser humano é uma casa de hóspedes que, a cada dia, recebe visitantes inesperados: sentimentos e emoções que muitas vezes aparecem sem avisar. Rumi nos convida a receber e entreter esses hóspedes, mesmo quando desagradáveis, pois eles são mensageiros de informações importantes. Alegria, tristeza, raiva, depressão, são todos porta vozes de mensagens valiosas.

Essa sabedoria presente nos textos do mestre Rumi lá nos anos de 1200 era tão desafiadora quanto continua sendo hoje. Queremos apenas receber em nossa casa as emoções agradáveis e, quando elas não chegam, tentamos desesperadamente encontrá-las, ao mesmo tempo que fugimos dos sentimentos desagradáveis. Nossa sociedade e nossa cultura nos incentivam a amortecer os hóspedes emoções indesejados e a estimular os que são bem-vindos com entorpecentes diversos: excesso de televisão, internet, álcool, comida, sexo, antidepressivos e até trabalho demais.

As emoções agradáveis entregam sua mensagem e vão embora. Já os sentimentos desagradáveis, não encontrando quem receba seu comunicado, ficam esperando nossa atenção. Quanto mais ignoramos e entorpecemos esses hóspedes indesejados, mais eles vão ficando. Encostam-se prostrados e adormecidos num canto e até se esquecem das mensagens que vieram nos trazer. De tão ignoradas, essas mensagens acabam se tornando segredos, às vezes difíceis de recuperar e decifrar. Quando evitamos o mensageiro, ignorando-o, fechando a porta para que ele não nos incomode (ou até mesmo tentando matá-lo), deixamos de receber as informações preciosas.

Para resgatar nossa inteligência emocional, precisamos aprender a nos reconectarmos com esses sentimentos visitantes e a lhes dar boas-vindas, mesmo que seja uma multidão de dores que bagunça nossa casa. Quando nos sentamos com eles e ouvimos atentamente, descobrimos que querem apenas nos dizer que há certos valores, necessidades e aspectos que precisam de atenção e talvez mudança. Esses insistentes mensageiros levam muito a sério seu trabalho e vão nos incomodar e gritar cada vez mais alto até que consigamos escutar a mensagem sabedoria que estão tentando nos trazer.

“O ser humano é uma casa de hóspedes | Toda manhã uma nova chegada | A alegria, a tristeza, a falta de sentido, como visitantes inesperados | Receba e entretenha a todos | Mesmo que seja uma multi- dão de dores | Que violentamente varrem sua casa e tiram seus móveis do lugar | Ainda assim, trate seus hóspedes honradamente | Eles podem estar te limpando para um novo prazer | O pensamento depressivo, a vergonha, a raiva, encontre-os à porta sorrindo | Agradeça a quem vem, porque cada um foi enviado como um guardião do além” – Rumi

*Texto originalmente publicado na Revista Viva Saúde. Escrito por Sandra Caselato e Yuri Haasz.

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