Autoempatia

A autoempatia é um processo profundo e transformador que nos convida a mergulhar em nossa essência mais íntima, abrindo portas para o autoconhecimento e uma conexão mais significativa com nossa humanidade.

Na infância, essa conexão é natural e espontânea, mas à medida que crescemos, muitas vezes a perdemos devido à influência da socialização e da cultura ao nosso redor. Aprendemos a ver o mundo através de uma lente de julgamentos, que nos afasta gradualmente de nós mesmos e dos outros.

Essa lente crítica e julgadora pode se tornar uma barreira significativa para o nosso bem-estar emocional. Somos críticos com outras pessoas e também nos cobramos a nós mesmos, criando desentendimentos, estresse, ansiedade e até depressão. Nesse contexto desafiador, a autoempatia pode ser uma ferramenta poderosa e transformadora. Ela nos ajuda a romper o ciclo de julgamentos e desconexão, permitindo-nos reconectar com o que realmente importa em nossa vida. Também nos ajuda a compreender melhor as outras pessoas e as situações ao nosso redor e como elas nos afetam. 

Um dos aspectos mais valiosos da autoempatia é o desenvolvimento da nossa inteligência emocional e relacional. Ao estarmos mais conscientes de nossos sentimentos e necessidades, começamos a perceber escolhas e possibilidades que antes passavam despercebidas. Isso nos capacita a agir no mundo de maneira mais autêntica e coerente com nossos próprios valores e princípios, contribuindo para uma vida mais realizada e relações mais significativas.

Podemos praticar a autoempatia a qualquer momento, especialmente quando nos sentimos desconectados de nós mesmos, desequilibrados internamente ou diante de situações desafiadoras. Também podemos utilizá-la como preparação para uma conversa difícil. É um exercício simples, mas profundo, que envolve (1) Descrever um fato observável (estímulo/gatilho), sem incluir julgamentos ou interpretações; (2) Tomar consciência de nossos pensamentos, avaliações, julgamentos e suposições sobre a situação sem censurá-los; (3) Nos conectar com nossos sentimentos, emoções e sensações físicas, nomeando cada uma delas; (4) Identificar nossas necessidades e valores por trás dos sentimentos (como por exemplo, respeito, companhia, aceitação, participação, comunidade, mutualidade, etc.); (5) Pensar em ações concretas que possam atender essas necessidades, seja fazendo um pedido a nós mesmos, à outra pessoa envolvida ou a uma terceira pessoa.

Focar nas nossas necessidades humanas universais nos ajuda a mudar o foco do estímulo para o autocuidado.

Ao cultivarmos regularmente esse processo de autoempatia, desenvolvemos uma qualidade de presença contínua em nossas vidas. Isso não apenas promove um maior autoconhecimento e autocompaixão, mas também fortalece nossa capacidade de nos conectar genuinamente com os outros, criando relacionamentos mais empáticos, autênticos e significativos.

*Texto originalmente publicado na Revista Viva Saúde. Escrito por Sandra Caselato e Yuri Haasz.

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